Nos últimos dias, o Brasil e o mundo acompanharam com pesar o trágico caso da brasileira Juliana, que desapareceu após sofrer uma queda na encosta de um vulcão durante uma trilha na Indonésia. Após quatro dias sem ajuda, voluntários e grupos locais uniram forças para realizar o resgate. Juliana foi infelizmente encontrada sem vida. Uma notícia devastadora, que comoveu todos que acompanham o universo das trilhas e da natureza, e que merece toda nossa empatia, respeito e solidariedade à sua família e amigos.
Trata-se de um episódio profundamente triste, mas que também nos convida à reflexão. Especialmente nós, que vivemos e trabalhamos com turismo de aventura, precisamos lembrar que cada trilha, cada montanha, cada paisagem deslumbrante também carrega consigo riscos reais. A aventura deve sempre vir acompanhada de planejamento, informação e responsabilidade.
Infelizmente, cresce em diversas partes do mundo o número de operadores e supostos “guias” que atuam sem a devida qualificação, sem registro legal, sem equipamentos adequados e sem seguir protocolos básicos de segurança. Muitos atraem turistas desavisados com preços muito abaixo do mercado ou promessas de experiências “autênticas” mas omitem informações essenciais sobre riscos, clima, preparo físico exigido e estrutura do local. E o que parece ser uma economia acaba custando muito caro, em alguns casos, o bem mais valioso: a vida.
Boas práticas para uma viagem mais segura:
• Pesquise bem antes de contratar – Verifique se a agência ou guia possui registro em órgãos oficiais, referências, avaliações de outros viajantes e histórico de atuação responsável.
• Desconfie de preços muito baixos – Operações seguras exigem investimentos em capacitação, logística, seguros, equipamentos e equipe qualificada. No turismo de aventura, o barato pode sair extremamente caro.
• Confirme se o guia é certificado – Guias treinados sabem prestar primeiros socorros, interpretar mapas, agir em emergências e tomar decisões seguras em ambientes adversos.
• Informe-se sobre o roteiro – Entenda o nível de dificuldade, distância, duração, altitude, riscos envolvidos e se você realmente está preparado fisicamente e emocionalmente para aquele desafio.
• Seja honesto sobre suas limitações – Informe o guia sobre questões de saúde, uso de medicamentos ou inseguranças. Isso não é fraqueza, é uma atitude madura e essencial para sua segurança.
• Tenha seguro de aventura – Muitas operadoras incluem esse item, mas é possível fazer a contratação pontual e day-use e por valores muito acessíveis, nós da Trekking House temos como parceiro a https://seguroaventura.com.br/ . Pergunte, verifique a cobertura e, se for o caso, contrate por conta própria.
• Fique atento à previsão do tempo – Um bom profissional nunca vai hesitar em adiar ou cancelar uma trilha se as condições forem perigosas. A natureza é imprevisível e merece ser respeitada.
É claro que essas medidas não anulam completamente os riscos afinal, estamos expostos a imprevistos até mesmo no cotidiano urbano. Mas minimizá-los é uma responsabilidade coletiva.
Também é importante refletir sobre as capacidades individuais. Hoje, com o alcance das redes sociais, muitos atrativos naturais ganham fama repentina e atraem visitantes de todos os perfis. Mas será que todos esses lugares são indicados para você? A resposta honesta é: nem sempre.
Muitos atrativos estão localizados em áreas remotas, de difícil acesso, com trilhas longas, íngremes ou técnicas, que exigem preparo físico, equipamentos e, principalmente, acompanhamento profissional. Ao mesmo tempo, não devemos subestimar trilhas curtas ou de fácil acesso, pois mesmo elas podem apresentar riscos como mudanças climáticas repentinas, desorientação e acidentes inesperados.
Estamos vivendo uma nova onda no turismo que alguns chamam de “egoturismo” onde a busca por fotos impactantes e experiências radicais, muitas vezes, ultrapassa os limites da segurança. Com isso, cresce também a necessidade de mais guias capacitados e agências responsáveis, capazes de orientar, informar e preservar tanto os visitantes quanto os destinos.
Por fim, é essencial lembrar: nem todo acidente tem um culpado direto. Tragédias acontecem, mesmo quando tudo é feito corretamente. Mas cada caso deve servir de lição, não para gerar medo, mas para aprimorar os protocolos, incentivar o preparo e reforçar a importância de escolhas conscientes.
A Chapada Diamantina, assim como tantos outros destinos de natureza no Brasil e no mundo, é um lugar mágico mas exige respeito, preparo e atenção. O verdadeiro espírito aventureiro não está em desafiar a natureza, e sim em caminhar com ela de forma harmoniosa, segura e sustentável.
Nos solidarizamos profundamente com a família da Juliana e dedicamos este texto como um gesto de reflexão, empatia e prevenção. Que outras vidas não se percam em situações evitáveis.
Escolha com cuidado. Informe-se. Valorize os profissionais locais e capacitados. Viva suas aventuras com segurança.